TEMPO REAL / Com declarações e sem ação, PSDB leva insegurança a Cinthia e Ataídes
Não foi a primeira vez. Numa rápida entrevista concedida a este colunista em junho, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, já havia dito que a reeleição da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, é prioridade para o partido. Agora Araújo volta a público e, num canal o oficial — o perfil do PSDB no Twitter —, não só reafirmou o que havia dito à Coluna do CT há seis meses, como foi mais longe e garantiu que a prefeita terá o comando do diretório metropolitano — hoje com a deputada estadual Luana Ribeiro.
Contudo, até agora não agiu. Só falou. Dessa forma, sustenta a instabilidade em que vive não só Cinthia, mas também o próprio presidente regional, o ex-senador Ataídes Oliveira, e agora Luana, que passa a demonstrar interesse na sucessão. Sem ação da executiva nacional, a prefeita não tem nenhuma garantia de que poderá contar com o partido para concorrer e, de outro lado, com as declarações públicas, o presidente Bruno Araújo desgasta Ataídes e leva insegurança também à direção regional.
Por isso, Cinthia tem trabalhado planos B, C e D. Ela já disse à Coluna do CT que tem convites de três partidos para se filiar, um deles é o DEM, da deputada federal Dorinha Seabra Rezende. A coluna apurou que nesta quarta-feira, 15, a prefeita se reuniu com o Patriota, que poderia também ser uma alternativa.
E essa não é uma crise nova. As profundas divergências internas se arrastam desde antes de Cinthia tomar posse no comando da Capital e com vários capítulos envolvendo a direção nacional, que, portanto, sabia de tudo o que estava ocorrendo. Tanto que chegou a sepultar ano passado um processo de expulsão contra a prefeita de Palmas. Mas, de novo, ficou por isso mesmo e manteve a instabilidade que marca a relação dos tucanos tocantinenses nos últimos anos.
Essa indecisão reflete a falta de projeto político claro e consistente do PSDB nacional para o País, o que tem ficado evidente desde que seus principais líderes foram tragados pelos escândalos de corrupção. Com a renovação da direção no ano passado, havia a expectativa de que a legenda agiria rápida e eficazmente, estabilizaria essas crises internas — que tomam conta de outros diretórios regionais, não só do Tocantins — e apontaria os rumos que tomaria para voltar a ser o importante partido que conduziu o Brasil à estabilidade econômica dos anos 1990.
Porém, nada disso ocorreu. A única coisa do PSDB de hoje que lembra o do passado é que o partido continua, como sempre, em cima do muro.
CT, Palmas, 15 de janeiro de 2020.